Ano novo na terra da rainha

Brunner Macedo

            É em Copacabana, na opinião de muitos, que se comemora o melhor réveillon do mundo, e não sou eu quem vai discordar, mas que tal trocar esta noite veranil das areias cariocas pelo inverno gélido do fim de ano inglês?

            Aguardei a chegada de 2013 ao pé da famosa Elizabeth Tower, nome concedido em 2012 a uma das mais famosas torres do mundo, em homenagem ao jubileu da rainha daquelas terras - outro nome pelo qual o prédio é ainda mais conhecido é "Big Ben", mas este é, na verdade, o nome do sino presente no interior do relógio.

             E veio daquele sino as primeiras badaladas do novo ano. Eu, junto a uma multidão, estava na Westminster Bridge, a ponte sobre o Tâmisa que garante a melhor visão da queima de fogos. E que espetáculo! Após quatro horas à espera daquele momento, a fabulosa London Eye - imensa roda gigante na outra margem do rio - se iluminou com as cores britânicas e o céu explodiu em cores, durante 12 minutos de encanto absoluto.

             Ao fim do espetáculo, enquanto tocava "God Save The Queen" e toda a gente começava a se dispersar, pensei que a epopeia daquela noite se encerraria ali, errei. A volta para o hotel foi uma inacreditável prova de resistência. As vias estavam tomadas por pedestres, e nenhum taxi, nenhum ônibus, nenhuma estação de metrô aberta nas proximidades. As pessoas pareciam zumbis, caminhando pelas ruas como se estivessem sem direção. Mas, convenhamos, será que alguma cidade no mundo tem o sistema de transporte preparado para acolher milhões de pessoas de uma só vez e a partir de um mesmo ponto?

         No outro dia, acreditem, os ingleses ainda têm fôlego para festejar. Nas mais emblemáticas ruas de Westminster, cerca de meio milhão de pessoas acompanham a tradicional New Year's Parade (Parada de Ano Novo), onde mais de 10 mil pessoas, de diversos países, desfilam. A Parada reúne números de dança, fanfarras e carros alegóricos, como um verdadeiro carnaval. A dispersão acontece na Parliament Street, novamente sob o signo dourado da suntuosa Elizabeth Tower e daquele implacável frio de zero grau. Ainda bem que em Londres não faltam locais para se aquecer degustando um chá!